Antônio José Centeno o homem que desposou duas mulheres com o mesmo nome
A família Centeno ligou-se às principais famílias do Rio Grande do Sul, em especial e em diferentes gerações à família do general Bento Gonçalves da Silva. Desde o século XVIII pelo casamento do Sargento-mor Boaventura José Centeno com a irmã do general, Antônia Joaquina Gonçalves da Silva, em 1799, e mais tarde com o filho destes: Antônio José Centeno casado em segundas núpcias com Maria Angélica Gonçalves da Silva, filha do general, que não por acaso também teve uma irmã com este mesmo nome nascida em 1790.
Antônio José Centeno nasceu em 2 maio de 1809, em terras que pertenciam ao Município de Triunfo. Ele era filho do Sargento-mor Boaventura José Centeno, nascido em de 20 julho 1769, em Triunfo/RS e de Antônia Joaquina Gonçalves da Silva (1777-1868). A partir de 1815, por solicitação do sesmeiro Joaquim Gonçalves da Silva, a residência da família Centeno passou a ser na recém criada Capela de São João Baptista de Camaquam.
Conforme o pesquisador João Máximo Lopes, na condição de grande fazendeiro e proprietário de léguas de terras, Antônio José Centeno era um homem muito influente na política em sua época, sendo o grande líder regional do Partido Conservador e ferrenho adversário do Partido Liberal.
O próspero estancieiro casou-se pela primeira vez, em 18 de novembro de 1836, com Maria Angélica Gonçalves da Silva II, natural de Pelotas onde nasceu em 28 de dezembro de 1818, filha de Manuel Gonçalves da Silva (irmão do Gal. Bento Gonçalves) e Faustina Leonor. A união gerou Antônio Manuel Centeno, nascido em Camaquã a 7 outubro de 1840.
Com o falecimento da esposa, Antônio José Centeno casa-se novamente em 17 de maio de 1850, com Maria Angélica Gonçalves da Silva I (nascida em Camaquã a 4 de março de 1830 e falecida em 27 fevereiro 1892, na fazenda da Figueira). Como se percebe, homônima de sua primeira mulher. Maria Angélica I, prima de Maria Angélica II, era filha do Gal. Bento Gonçalves da Silva e da uruguaia Cayetana Joana Francisca Garcia. Só não me perguntem porque essa Maria Angélica, que nasceu mais tarde foi considerada a primeira.
Da duradoura união entre Antônio José e Maria Angélica I foram gerados seis filhos – cinco mulheres e um homem: Antônia Joaquina Gonçalves Centeno, Palmira Antônia Gonçalves Centeno, Ana Angélica da Glória Centeno, Perpétua Angélica Gonçalves da Silva, Josefina Angélica Gonçalves Centeno e Bento Gonçalves Centeno.
Como se pode constatar, naquela época, contrariando o que prega a religião, era muito comum o casamento entre familiares, especialmente entre primos. Tais uniões visavam acima de tudo preservar o patrimônio da família, até porque seria impossível que tantas pessoas se enamorassem constantemente pelos primos. Outro fato evidente se refere aos nomes dos descendentes, muitos semelhantes aos de gerações anteriores e em vários casos exatamente iguais, o que não deixa de causar uma certa confusão de datas, dificultando o trabalho de pesquisadores e genealogistas.
E para complicar mais ainda o Sr. Antônio José Centeno casa-se com duas mulheres de nomes exatamente iguais: as primas Maria Angélica Gonçalves da Silva I e II. Nos dias atuais, tal façanha certamente lhe daria um lugar de destaque no Guinness World Records (antigo Guinness Book) – o homem que desposou duas mulheres, que traziam o mesmo nome na certidão de nascimento. Este é mais um capítulo da série: coisas estranhas que só acontecem em Camaquã.
Clic Humor com Sabedoria: “Casamento entre primos dá o maior rolo. Meu avô pai da minha mãe é irmão da mãe do meu pai.” (Jeremias Edson Cardoso)