Prefeitura não cumpre acordo e Aapecan corre risco de fechar
Demora no repasse dos valores causou acumulo de dívidas à entidade. Secretarias da Saúde e Ação Social afirmam que irão realizar doações nos próximos dias
A unidade de Camaquã da Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (Aapecan) quase fechou suas portas por falta de recursos em abril de 2018. A entidade social sobrevive somente por meio de doações. Com a crise financeira instaurada no Estado e a queda nas arrecadações, a Aapecan novamente corre o risco de encerrar as atividades no município.
Mais de 100 famílias de pessoas com câncer estão cadastradas na Aapecan. A entidade realiza cerca de 250 atendimentos mensais e tem uma despesa de aproximadamente R$ 14 mil. Os usuários e suas famílias recebem suporte psicológico, atendimento nutricional, assistência social e amparo jurídico.
Segundo a assessora de comunicação da Aapecan Metade Sul, Valéria Cunha, o prefeito de Camaquã, Ivo de Lima Ferreira, ficou sensibilizado após uma reportagem produzida em 4 de abril de 2018 pelo portal Clic Camaquã e propôs uma parceria. “O prefeito nos ofereceu 40% das despesas mensais da Aapecan, cerca de R$ 6 mil. Entregamos um plano de ação e toda documentação exigida pelo Executivo. O setor jurídico da prefeitura aprovou o plano e o enviou para a Secretaria da Saúde, para que o valor fosse destinado a nós por meio da pasta. Mas, desde então, não recebemos nenhum auxílio e, na segunda-feira, a prefeitura entrou em contato conosco e disse que não terá dinheiro para nos ajudar”, afirma.
Ainda conforme Valéria, a dívida da associação se acumulou devido à espera pelo recurso prometido pela prefeitura. “Estamos tentando parcerias com outros municípios, criando projetos para angariar mais doações, mas a situação está crítica. Temos até o fim do mês de julho para conseguir o dinheiro que precisamos. Encerrado este prazo, a unidade de Camaquã, inevitavelmente, fechará suas portas”, desabafa a assessora.
Caso a entidade encerre suas atividades, os usuários de Camaquã deverão se deslocar até Porto Alegre ou Pelotas para receber o apoio prestado pela Aapecan. “É uma situação muito complicada. Além do câncer ser uma doença grave e o deslocamento ser dificultoso, muitos usuários estão em estado de vulnerabilidade social, não tendo, muitas vezes, nem alimento em casa. O foco da Aapecan é o trabalho social, precisamos nos aproximar da comunidade para que os usuários sigam tendo melhor qualidade de vida no município”, reforça Valéria.
Nossa reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde na tarde desta quarta-feira (11). Segundo Tiago Camerini, secretário adjunto da pasta, a demora no repasse se deu devido à indefinição sobre qual secretaria seria responsável pelos valores. Camerini afirma que foi decidido que a Secretaria de Ação Social deveria repassar a verba, porém, a pasta não possui toda quantia necessária para a doação.
Camerini explica que um convênio entre as secretarias da Saúde e Ação social foi formalizado para realizar o repasse. “Estamos finalizando o documento do convênio e iremos realizar a doação nos próximos dias. Não vamos deixar que um serviço social tão importante se perca por falta de apoio do Poder Executivo”, reitera o adjunto.
Para arrecadar doações e tentar evitar o fechamento da unidade, a Aapecan vai realizar um pedágio beneficente em frente à escola Cônego Luiz Walter Hanquet na sexta-feira (13). A entidade fica localizada na Rua Vivaldino Mendes, 468, no bairro Centenário. O telefone para contato e doações é (51) 3671-4455.
A unidade dispõe de conta bancária para depósitos de doações:
Banco: Caixa Econômica Federal
Conta: 3213-9
Agência: 0495