Ministério da Saúde e Prefeitura de SM divergem sobre surto
Desta vez, polêmica se dá em função de declaração a respeito da origem do problema
Além de causar preocupação, o surto de toxoplasmose em Santa Maria, município localizado na região central do Rio Grande do Sul, está envolvido por polêmicas. Dessa vez, o prefeito da cidade gaúcha rebateu uma afirmação do Ministro da Saúde, Gilberto Occhi, que afirmou pela primeira vez que a origem do surto é, de fato, a água da cidade.
Uma equipe do Governo Federal realizou testes laboratoriais em Santa Maria no início da semana. O prefeito da cidade, Jorge Pozzobom, classificou a fala do ministro como irresponsável.
“Eu já liguei para o Ministério, o Ministro tem que imediatamente se apresentar lá em Santa Maria para dizer e explicar o que ele disse. Não pode um Ministro, que duvido que ele tenha conseguido pegar uma pilha desses documentos e questionários que foram feitos e fazer essa afirmação extremamente irresponsável no meu ponto de vista”, comenta o prefeito de Santa Maria.
A toxoplasmose já havia sido motivo de atrito entre as partes devido às diferenças nos números de casos da doença contabilizados. A Prefeitura de Santa Maria chegou a ingressar com uma ação no Ministério Público do Trabalho para exigir a contribuição da União no tratamento dos enfermos.
Já o Secretário Estadual da Saúde, Francisco Paz, reitera que, apesar da água ser uma das principais hipóteses de contaminação, nenhum laudo oficial foi emitido pelos responsáveis na investigação.
“Acredito que ele, tentando esclarecer, ele gerou um pouco de ansiedade na população ao dizer que a origem do surto seria a água. Nós temos desde o início procurado encontrar a fonte da infecção que certamente tem na água uma das principais possibilidades, mas até o momento não recebemos nem um exame conclusivo que apontasse para esta ou para aquela situação”, destaca o Secretário Estadual de Saúde.
Além do líquido distribuído pela Companhia Riograndense de Saneamento na cidade, foram coletadas amostras de águas de açudes, poços artesianos e vertentes. O Diretor de Operações da CORSAN, Eduardo Carvalho, relata que a estatal foi pega de surpresa com a declaração do ministro Occhi em relação à possível comprovação da origem do surto na região central do Estado.
“As informações até a última segunda-feira, quando da presença dos técnicos do Ministério da Saúde é de que as pesquisas e as investigações continuavam. Amostras de fontes alternativas, de açudes, de reservatórios, tenham sido enviados para o laboratório de Londrina, ainda não tendo os resultados e, portanto, os questionários que foram realizados para verificar hábitos das pessoas contaminadas estão todos sendo avaliados”, explica o Diretos de Operações da CORSAN.
Procurado pela reportagem, o Ministério da Saúde afirmou – também por meio de nota – que a infecção pela água é apenas uma das conclusões possíveis depois dos testes realizados. No entanto, ainda conforme o órgão, a transmissão pelo consumo de carne suína ou bovina, frangos e frutas já foram descartadas.
Ainda nesta semana, o órgão havia reconhecido todos os casos que haviam sido confirmados pela prefeitura de Santa Maria. No total, são 569 ocorrências da doença no município – estabelecendo o surto como o maior já registrado em escala mundial.
